27/09/2009

Essa Cigana...
Ah!... Essa cigana festeira e alegre
Que caminha pelas ruas buscando
Em cada rosto um irmão, um amigo...
Mora comigo,
Faz do meu pranto comédia
E sorri da minha dor Dança, canta, esquecida do amanhã,
Porque sabe que o hoje é vida,
E todas as misérias da vida, precisam ser esquecidas...
Irreverente e dócil...
Ama e se entrega enfurecida ao amor!
Um que de místico mora em seus olhos,
Um que de sombrio acompanha seus passos...
Tantas vezes morreu e tantas voltou...
Insiste em ser feliz, viver!
Traz um cigano sonhado no peito
Louco... fanático de amor...
A noite percorre todos os recantos dos sonhos,
Traz uma fogueira acesa, enormes labaredas
De fogo em todo seu ser...


Quem entende essa mulher, que vive
Lembrando sua infância, sendo na alma
Uma criança?...
Trazendo na retina uma
Lágrima brilhante de quem vai chorar ...
E de um salto se põe a dançar
Feliz como uma mariposa
Na luz da fogueira... rosto incandescente, apaixonado,
Louca de amor por tudo que a cerca,
Triste e alegre, mistura tudo velozmente!
Quero entendê-la, não encontro respostas...
Acho que nunca alguém a entendeu...
Ela mora em minha alma...
Essa cigana sou eu!

Poema de Marilena Trujillo
Gravura de Sérgio Matos

24/09/2009

Cigana Lemiza
Pelo que pude observar, existem controvérsias sobre os gostos e as preferências da Cigana Lemiza durante sua passagem terrena. Entretanto, fica clara a sua predileção por anéis, brincos, colorares pulseiras e braceletes dourados; todos com pedrarias em cores diversas, exceto preta. Até em suas roupas o reluzir das pedras era bem-vindo. Além de ler as mãos de quem a procuravam, foi uma exímia cartomante, e para onde fosse, carregava seu baralho em um saquinho preso à saia.
Muito respeitada em seu clã, fazia magias para o amor por meio de um pó desenvolvido por ela, o qual usava em seus rituais que geralmente eram feitos em pleno bailado, ao redor de uma fogueira. Também dominava perfeitamente os encantamentos feitos em mares e cachoeiras para abrir os caminhos na prosperidade material e limpar as energias negativas de seus protegidos.
A Cigana Lemiza tinha pela clara, cabelos castanhos ondulados e olhos azuis. E por ter sido uma mulher bastante vaidosa, gosta de ser agradada pelas pessoas que hoje pedem sua ajuda com pó de arroz, batom, perfume de jasmim, lenços, xales e flores do campo. Não foi feliz em sua vida amorosa devido ter ficado viúva muito cedo, carregando consigo tristes traços de amargura, mas sem deixar de ser complacente com aquelas que buscam viver um grande amor. Envia recados diretos sobre os homens, sem rodeio algum; por este motivo, quem a solicitar, deve estar preparada para ouvir verdades, mesmo que estas possam doer.
  • Valéria Fernandes

16/09/2009

Cigana Maria Dolores – Novidades

No dia 23 de maio deste ano postei parte de uma canalização sobre a Cigana Maria Dolores. Como é comum, sempre recebo e-mails de pessoas que se identificam com muitas das ciganas (os) que aqui publico, mas na maioria dos casos solicitam outras informações, e dificilmente me enviam algo adicional. Desta vez tive uma grata surpresa ao ser contactada por uma médium que trabalha como esta cigana.

Para que todos possam entender os acontecimentos que me trouxeram a esta postagem, eis o primeiro e-mail que recebi de Rossilene Nascimento:

“Olá Valéria, fiquei muito feliz e ao mesmo tempo assustada ao ver relatado alguma coisa sobre a cigana Maria Dolores. Trabalho com essa cigana há uns três anos e nunca havia ouvido falar sobre ela. Sempre tive dúvidas sobre a manifestação da cigana, mas depois que li o seu relato não as tenho mais. Tenho a maior curiosidade de saber mais sobre a vida e passagem desta cigana, mas ao mesmo tempo tenho receio de sofrer influências sobre seu modo peculiar de ser. A história sobre o anel me impressionou, pois ela realmente tem um anel de pedra e me faz usar diariamente, e nunca me perguntei sobre o motivo até mesmo porque ela não diz. Ela fala com sotaque espanhol e sinto que é muito bonita, porém, não tão jovem. Tem uma elegância peculiar, adora estar entre as pessoas e ouvir principalmente o que os homens têm a falar sobre nós mulheres. Se tiver mais algum comentário sobre esta cigana, por favor me envie, pois essa mensagem veio até mim em um momento em que estava sentindo-a muito e questionando sobre suas vibrações, então me veio à resposta por meio deste blog. Que o povo cigano te abençoe e que Dolores te proteja e te dê a intuição necessária para prosseguir na evolução espiritual.”



A partir de então, me interessei em trazer aos leitores do Vida Cigana informações novas e complementares sobre Maria Dolores, e de imediato Rossilene gentilmente se prontificou a passar suas experiências mediúnicas para nosso aprazível deleite e busca por conhecimentos; mesmo sem nunca ter visto Dolores em sonho ou mesmo em vulto; somente sentindo-a via incorporação.


Cigana Maria Dolores por Rossilene Nascimento



- Aceita ser chamada de Maria Dolores somente por pessoa hierarquicamente superior a ela; sua preferência é que a chamem de Dolores.
- Adora a cor amarela. Usa xale com franjas e um punhal.
- Sua bebida preferida é champanhe rosada. Usa uma taça grande no qual corta frutas vermelhas em pedaços e despeja a bebida por cima.
- Gosta de dançar, de requinte e de almofadas.
-Trabalha muito com frutas, fitas, moedas e na maioria das vezes com união de casais, e também com problemas relacionados à crianças.
- Não suporta quando alguém pede algo relacionado ao aborto.


- Pela vibração, percebe que a entidade tenha desencarnado em torno de seus trinta e poucos anos.
- Pela vibração e comentários de pessoas que dizem vê-la, trata-se de uma mulher que não seja morena e que nem possui os cabelos totalmente negros.
- É devota de Santa Sara Kali, fala muito em Deus e no povo cigano.
- Não se comporta como uma Pomba-Gira, e sim como uma verdadeira cigana.
- Tem certo prazer ao ver um homem sofrendo pelo amor de uma mulher, mas o ajuda quando percebe que há compatibilidade para isso.
- Quanto ao anel, continua o mistério. Uma senhora deu de presente à Dolores enquanto Rossilene estava incorporada. Colocou em sua mão esquerda e enviou um recado à médium que não saísse de casa sem ele. Ela continua a usar o anel, que é dourado com pedra vermelha.



Rossilene Nascimento é de Vitória - Espírito Santo. Atua nas linhas do Candomblé e da Umbanda; se diz espírita não pertencente a um grupo fechado. Auxilia um babalorixá e uma proprietária de um Centro de Umbanda. Seu contato: cigana_6@hotmail.com

É muito difícil captar na integridade a essência de um espírito cigano, em razão do universo invisível não nos fornecer o que desejamos de palpável. Por este motivo todos que trabalham por intermédio da mediunidade sempre buscam validar seu desempenho através de terceiros. A Rossilene não é a primeira e certamente que não será a última a receber tais confirmações no tempo oportuno. Também acontece comigo!
A síntese dos relatos da médium foi feita por mim com intuito de evitar que os nossos diálogos interviessem na explanação.


Valéria Fernandes

Pintura de Maria do Carmo da Hora 

03/09/2009

Baralhos usados pelos ciganos

Os ciganos não têm um baralho próprio ou desenvolvido por eles como tornou-se crença popular; ao contrario do que se pensa, não existem registros históricos que confirmem tal domínio de criação. Ao longo dos tempos o povo cigano, principalmente as mulheres ciganas, desenvolvem seus dons na cartomancia usando o “Baralho Comum” de 52 cartas e o Tarô que dispõe de 78 arcanos por um largo período. Os múltiplos oráculos com denominação de Cartas Ciganas, Tarô Cigano ou simplesmente Baralho Cigano (que a maioria forma seu conjunto com 36 cartas), surgiram como derivação da iniciativa de uma famosa e culta cartomante francesa não-cigana conhecida como Madame Lenormand. A mesma publicou no ano de 1828 seu primeiro baralho com 52 lâminas e algumas décadas mais tarde o reduziu para 36, ficando conhecido mundialmente por Petit Lenormand, devido principalmente à sua abreviação de 16 cartas.

A exemplo do que é disponível no mercado brasileiro hoje, além dos citados com diferentes assinaturas, tem-se o Baralho da Vovó Cigana que contém 48 cartas, cuja autora tem origem cigana, bem como o Lilá Romai - Cartas Ciganas, que possui 37 peças idealizadas pela cigana Mirian Stanescon; variantes que confirmam a diversidade de criações conforme a vontade de seus autores e independente de suas etnias.

Com as suas naturais habilidades e o magnífico aprendizado desta arte oracular passada de geração em geração, creio os ciganos pouco estão interessados em tomar para si a procedência de qualquer baralho, pois a própria vida nômade não requer certos alimentos para o ego como é comum para os não-ciganos.
  • Valéria Fernandes
Pintura Cigana de Robert P. Kilbert