31/08/2008

  • Rosa dos Ventos
Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Sul
se cruzou com o meu sangue que veio do Norte.
Não foi por acaso que o meu sangue que veio do Oriente
se cruzou com o meu sangue que veio do Ocidente.
Não foi por acaso nada de quem sou agora.
Em mim se cruzaram finalmente todos os lados da terra.
A Natureza e o Tempo me valeram:
séculos e séculos ansiosos por este resultado
um dia e até hoje fui sempre futuro.


Faço hoje a cidade do Antigo
e agora nasço novo como ao Princípio:
foi a Natureza que me guardou
a semente apesar das épocas e gerações.
Cheguei ao fim do fio da continuidade
e agora sou o que até ao fim fui desejo:
o Centro do Mundo já não é o meio da terra
vai por onde anda a Rosa dos Ventos
vai por onde ela vai anda por onde ela anda.
Agora chego a cada instante pela primeira vez
à vida já não sou um caso pessoal
mas sim a própria pessoa.




Texto de José de Almada Negreiros
  • Tela de Maria do Carmo da Hora

28/08/2008

Violinos




Finos acordes preenchem a solidão
a sombra dos tempos felizes
apareceu num pedaço da minha alma confinado,
inerte, sem cor, ao sabor da canção.
Violinos tocam o ar delicados pranteio,
a dor dilacera meus vãos que sofrem
e desmancham-se em saudades
sons estremecem o peito apertado.
Estendido em cada fibra do meu eué o fim,
o nada, que está gravadoentristeço,
há cheiro de morte nas mãos.
Fugaz, inútil,
eram delírios vagos revividos na dança da verdade
a música parou, despertei no chão.

  • Soninha Porto
Tela de Rita Andrade

20/08/2008

Sou Cigano



Sou feito do amor, do carinho, da ternura e do fogo ardente da paixão consumida de feitiços gitano no coração, canto e me encanto com a lua faço oração às estrelas em romani misturando os dialetos com uma magia capaz de despertar em teu ser uma louca paixão, tenho em mim o brilho das cores do mar trago nos olhos a visão verdadeira das candeias do amor que estas descrito na palma de minha mão, ando com o cabelo solto ao vento montado em meu alazão, tenho nas veias o sangue derramado de meu povo injustiçado e perseguido um eterno errante com orgulho ferido,f alo do presente desvendo teu futuro e se quiser revelo teu passado o mundo e meu quintal nada me atinge ou faz mal, pois na minha cintura trago o meu punhal, gosto da mais nobre seda com muito brilho e cor, uso anéis, colares e brincos do mais puro ouro, sou dono de uma fé inabalável fiel aos meus princípios e um amante voraz que nunca te deixara em paz...

Texto de Miguel A M Côrrea

  • Tela de Maria do Carmo da Hora

18/08/2008

Cigana Damira

Conta a tradição que, certa vez, uma cigana sentada em uma grande almofada colorida, no interior de sua tenda, quando em sua frente formou-se um clarão azul-celeste. Deste clarão, surgiu a imagem de uma linda mulher, sem características de cigana, mas parecendo uma daquelas deusas da mitologia grega.

A mulher usava uma longa túnica e um véu que cobria seu nariz e sua boca, deixando descoberto somente seus grandes olhos negros.

A linda mulher começou a falar com a cigana, usando um dialeto que ela desconhecia, mas que sua mente captava e transformava em uma mensagem:

“A partir de agora, cigana, você usará pedras em suas magias. Bem perto daqui, existe uma gruta repleta de pedras. Vá até lá e apanhe muitas pedras coloridas”.

Em seguida, o clarão se desfez, levando consigo a imagem da mulher.

A cigana ficou muito assustada com tudo que acontecera, principalmente porque pedras não faziam parte dos rituais de seu povo. Levantou-se e foi caminhar pelos montes, onde existia uma cachoeira. De repente, observou que havia uma grande abertura nas rochas da cachoeira, e lembrou da mensagem que ouvira. Caminhou até a rocha, passou pela grande abertura e avistou uma gruta com muitas pedras, todas cheias de pontas e das mais variadas cores. Até parecia que um arco-íris estava ali, dentro da gruta.

A cigana voltou ao acampamento, apanhou uma candeia para clarear a gruta, que era um pouco escura, e uma ferramenta com que pudesse bater nas pedras e quebrá-las em pequenos pedaços; e foi para a gruta na cachoeira.

Algum tempo mais tarde, saiu da gruta e voltou para o acampamento levando muitas pedras pontiagudas de várias cores; espalho-as no tapete de sua tenda e começou a admirá-las. As pedras transmitiam uma luz e uma força que a cigana desconhecia. Nesse momento, apareceu o mesmo clarão com a imagem da linda mulher, e a mente da cigana captou uma nova mensagem:

“Essa será sua nova magia. A magia das pedras e dos cristais. Eu lhe darei a força da Atlântida e você será a primeira mensageira dos cristais do planeta Terra. Com os cristais, você e seu povo farão mentalizações para todas finalidades: curar doenças, atrair sorte e prosperidade no amor e nos negócios, afastar negatividade e muito mais.”


Em seguida o clarão azul e a linda mulher desapareceram.


Texto de A na da Cigana Natasha
  • Tela de Maria do Carmo da Hora