Pintura Cigana Humanizada
Nos últimos tempos tenho me sentido regozijada pela diversificação de Pinturas Ciganas encontradas na internet, possibilitando assim aos apreciadores da arte uma releitura das imagens; e por serem muitas, decidi apresentar uma das que mais mexeu com minha sensibilidade.
Quem admira o Universo Cigano e costuma pesquisar sobre o tema, com certeza já se deparou com a montagem dessa jovem que tem o cotovelo direito apoiado em uma mesa que não é a que vemos, estando com a mão esquerda entreaberta, o que facilitou colocar-lhe uma carta em sua mão. É notório o bom aproveitamento de sua postura e semblante para encher seu ambiente de apetrechos ditos ciganos, tais como lenço na cabeça, correntinha na testa, cartas de Tarô e Bola de Cristal. Há outras versões estilizadas da mesma foto-montagem, mas fica claro para olhares atentos não se tratar de uma cigana, e sim de uma bela mulher inserida em um cenário que não convence.
Para minha alegria, dia desses encontrei a “suposta cigana” humanizada pelas belas pinceladas de Leila Ullmann. O leitor poderia indagar: como pode uma mulher não representar a alma humana e uma pintura ter tal capacidade? Torna-se fácil fazer essa distinção quando consigo sentir verdades, ou seja, quando o íntimo da artista se manifesta e envia a mensagem diretamente ao meu espírito.
Leila, mesmo mantendo traços fidedignos à fotografia, deu vida por meio de suas singulares capacidades de percepção ao usar as cores de forma impactante, ao definir os adornos velados por tons neutros e ao acrescentar adereços para enriquecer sua criação. Chamou minha atenção o lenço vermelho em contrate com figurino e pingentes azuis; no mínimo prendem a atenção de qualquer pessoa apta a sentir o coração concentrado de uma cigana em pleno exercício de seu inerente dom de interpretar as cartas. E como não poderia faltar, a artista deu um toque especial com as pulseiras e braceletes dourados com detalhes em moedas, bem ao gosto cigano.
Nesse caso, aos meus olhos, pouco importa os pormenores técnicos, a exemplo da perspectiva, em razão de ser prazeroso demais me deparar com imagens que jamais poderão ser confundidas com plágio ou apontadas como sendo sem vida.