Carta Raposa - O uso da máscara
A máscara é um adereço muito utilizado nos mais
diversos campos, tais como em festas populares, nas artes, em ritos religiosos,
como objeto lúdico, como capa de proteção para o trabalho, etc.; a função é
quem define o objetivo de seu uso. Aparentemente a máscara é tão somente um
artefato ou um ornamento, entretanto a carta Raposa do baralho cigano demonstra
que ela estar longe de palpável.
A Raposa enquanto máscara serve aos propósitos mais
obscuros de um indivíduo, tem como intuito escamotear a real personalidade e
fazer com que esta modifique a sua identidade. A lâmina 14 pode mostrar uma
pessoa amigável, atraente, confiável, bem-intencionada, leal, ingênua, desinibida
ou corajosa, quando na verdade essa pessoa veste-se com a “máscara do artifício”
que não se vê a olhos nus.
Os motivos obscuros para alguém utilizar as “máscaras
de artifícios” nem sempre estão relacionados a má fé e a falta de escrúpulos
que a carta Raposa tem como características, por vezes existe apenas a intenção
de evitar mostrar as fraquezas, as suscetibilidades ou até os complexos de quem
as coloca. O tímido veste-se com a máscara da desinibição para sociabilizar, o medroso
com a da coragem enfrentar, o rígido com a da flexibilidade para moderar, o vaidoso
com a da modéstia para não exagerar; em casos assim, ainda que por meio hábeis,
a pessoa em questão vê-se diante da necessidade de superação, de querer dar o
melhor de si para gradativamente evoluir naquilo que no momento ainda é um bloqueio não
vencido.
Uma máscara não deixa de ser uma artimanha, então o
intérprete das cartas deve considerar “os meios” e “os fins” antes de colocar o
consulente no catálogo quase que implacável da frieza e da falcatrua na
listagem enorme de pontos negativos da lâmina Raposa.
Valéria Fernandes
Ilustração de Kristina Webb
Carta Raposa do Tarô Cigano