20/10/2017

 Cigana da Estrada



Em minha vida de cigana viajo de estação em estação, desbravo estradas e campos um após o outro, e nesse incessante ritmo andarilho, desfruto tanto do cair da chuva que purifica a minha aura, como do sol brilhante que revigora suavemente o meu corpo. Sem que me programe, assisto ao entardecer dos dias a colorir os céus de azul, lilás e rosa, e espero o índigo estrelado que faz as noites belas e claras. E quando a lua surge no alto, o acampamento se ilumina como se fosse palco sob holofote cintilante, então danço, canto e abano o meu pandeiro adornado de fitas multicores. No bailado cheio de graça e de encantos liberto a alegria, celebro a vida e louvo o perfume da natureza que me acaricia terno e inusitado a cada novo amanhecer. Viajo, viajo, estejam os caminhos  que percorro rajados de ventos ou resplandecentes e abertos, viajo sempre.   


Valéria Fernandes