Cigana da Estrada
Em minha vida de cigana viajo
de estação em estação, desbravo estradas e campos um após o outro, e nesse incessante
ritmo andarilho, desfruto tanto do cair da chuva que purifica a minha aura, como
do sol brilhante que revigora suavemente o meu corpo. Sem que me programe,
assisto ao entardecer dos dias a colorir os céus de azul, lilás e rosa, e espero
o índigo estrelado que faz as noites belas e claras. E quando a lua surge no
alto, o acampamento se ilumina como se fosse palco sob holofote cintilante, então
danço, canto e abano o meu pandeiro adornado de fitas multicores. No bailado cheio
de graça e de encantos liberto a alegria, celebro a vida e louvo o perfume da natureza
que me acaricia terno e inusitado a cada novo amanhecer. Viajo, viajo, estejam os caminhos que percorro rajados de ventos ou resplandecentes e abertos, viajo sempre.
Valéria
Fernandes