13/11/2016

Vida Andarilha



Vez por outra, em minha apaixonada e colorida vida andarilha, dou pausas para refletir sobre os caminhos que trilhei, avalio as sementes por mim plantadas e a maneira como as reguei. Nas estradas sem norte já me deparei com a extrema escuridão, quase sempre tive que transpor sozinha os meus medos e encarar sem rodeio os meus erros, precisei aprender a repousar até nos mais agitados vendavais. Em verdade, tive que escolher entre ser vencida pelo cansaço ou ser conduzida pela fé, outras horas me deparei com a intimidação da amargura ou com o cortejo da doçura, e mais, por dezenas de vezes andei penosas milhas ao lado da dignidade para não ter que eleger os rápidos caminhos da sedução. Dos grãos que espalhei, só me acrescentaram aqueles que pude, não com orgulho, e sim com honradez, agradecer ao Alto a retidão da semeadura. Sei que todos os caminhos de alguma forma são áridos, porém, são meus passos, esforçados ou apressados, que definiram a dureza ou leveza dos trajetos que ainda farei.

Valéria Fernandes