28/03/2015

Cigana Helena


Helena tinha 14 anos quando seu clã acampou nas imediações de Ilhéus, ali, se apaixonou por um homem de família tradicional do lugar. Seduzir Helena foi fácil, era muito ingênua e ainda foi expulsa do acampamento cigano antes que o rapaz se comprometesse. A Kaku Louise viu na bola de cristal que Helena estava grávida. O barô do grupo era muito severo e enérgico, não tolerou o fato, pois a cigana estava prometida desde o nascimento a um barô de outro clã cigano.  Helena não aceitou nenhuma das decisões do grupo e foi expulsa. 


A cigana Helena não conseguia viver longe de seus familiares e acompanhava de longe e escondida o deslocamento da caravana pelas estradas passando fome e frio. O momento do parto chegou de surpresa e ela partiu sozinha no meio do mato à beira da estrada. Embrulhou seu filho nuns panos da barra das suas saias e caminhou com o bebê até chega numa uma casa. O casal que ali vivia não era rico, mas tinha grande coração, acolheu a ciganinha e o filho até a vizinhança começar a implicar com a cigana – vista como feiticeira e ladra. Helena teve que partir deixando o filho adotado pelo casal. Instalou-se num cabaré da cidade mais próxima para ganhar algum dinheiro servindo de criada e mais tarde como dançarina. Helena juntava todo dinheiro que conseguia para ajudar na criação do filho, não podia deixar-se perceber que era mãe daquela criança.  

No cabaré, Helena conheceu o fazendeiro mais rico da região, ele não pôde casar com a cigana, mas a levou para morar em seu palacete. Fez Helena a razão de sua vida, quando faleceu deixou tudo que possuía para ela. Helena se tornou uma fazendeira famosa, dona de terras e gados, com isto pode mandar seu filho secreto estudar no exterior e de longe vê-lo doutor.   

Helena tornou a ver o seu clã quando seus capatazes procuravam uns ladrões de seus cavalos puro sangue. Os capatazes trouxeram diante de Helena o velho barô e outros homens de seu clã, ela os reconheceu, mas calou-se. Apenas falou:
- Soltem essas pessoas, elas são honestas e aqueles cavalos devem ter se perdido pelo mato, não me fazem falta. 
Eles reconheceram naquela fina dama Helena. Também não falaram nada, agradeceram e saíram arrependidos pela intolerância que podia ter levado à morte dois inocentes, salvos pela misericórdia de Santa Sara. 
  

Texto e pintura de Maria do Carmo da Hora