As
trocas dos ciganos
Entre os ciganos tudo se troca. Por
isso, pelo conhecimento de um oráculo, sempre temos que pagar de alguma
maneira. E quando aprendemos algo, também ensinamos outra coisa. Quando se
ganha um presente, se dá outra coisa… nem que seja uma festa! E assim, a energia entre
os ciganos nunca está estagnada, mas sempre em movimento, como a roda da
carroça.
É por isso que na dança cigana não há
dança solitária. Podemos até fazer uma apresentação solo, mas será sempre para
o público, ou em um ritual, em uma oferenda aos nossos mestres etc., mas nunca
solitariamente. E quando a dança é compartilhada, ela ganha mais força,
mais brilho. É por isso que as festas ciganas encantam tanto!
Podemos trocar com
um companheiro, numa dança de casal. Ou com uma companheira, em
brincadeiras de saia, em brincadeiras de roda, sentindo as mãos das colegas,
puxando, levando, sendo levada. Até mesmo um desafio de punhais é uma troca.
Podemos trocar
também nossos instrumentos: leques, véus, pandeiros, lenços… Só fica
difícil mesmo trocar as castanholas, pois elas ficam presas às mãos. Mas todos
os outros instrumentos podem ser trocados, se esta for a vontade de seu
dono. Há casos em que não trocamos nosso instrumento por alguma questão
ligada à energia que colocamos nele. E então temos que ser gentis e trocamos de
outro jeito: que tal um sorriso?
Mas a maneira mais bela de se trocar
no bailado cigano e a primeira que devemos aprender é o olhar. Dançar sempre
olhando para os outros, enviando nossas boas vibrações e aprendendo a
compartilhar nosso espaço. E saber compartilhar o espaço é uma das principais
necessidades de um povo nômade!
Com as trocas, o bailado fica mais
rico e mais prazeroso!
Texto de Brigitte
Angel
Pintura de Maria do
Carmo da Hora