Orgulho
Como me sinto orgulhosa!
Vibra minha alma
como um violino...
Meus olhos se
embebem de cores,
nos mil volteios
das vestes coloridas.
Meus ouvidos captam
os sons da música vibrante...
Meu corpo se extasia no encanto de existir!
Ah! Como me orgulho!
Como me orgulho de meu sangue.
De ser mulher! De ser Kalin!
As lembranças de meus antepassados,
suas vivências, seu passado dividido
entre a dor e o riso, entre o amor e o ódio,
entre a vida e a morte!
Ressoam, ainda, em mim os sons das caravanas...
Escuto, ainda, as vozes,
gargalhadas, palmas, e canções.
Voltam sempre, transpondo
os portais do Tempo.
Eles voltam: ouro reluzindo, longos cabelos
e belos olhos escuros...
Danças, pandeiros, violinos...
As noites estreladas.
Brilhos de Lua nos olhares profundos...
Sorte,destino, magia, encantamento,
jorrando na ponta dos dedos
enfeitados de anéis...
Se os gadjês conhecessem melhor nossa história,
nossos dons,nossa alegria,
nossos caminhos, nossa música ,
nossa alma livre,
certamente desejariam ter nascido ciganos!
Poesia de Cezarina Devos Macedo
Pintura de Maria do Carmo da
Hora