29/06/2010

Roda Cigana

Cada roda cigana é um ritual em louvou e celebração à vida. As mulheres vestem-se em cores agitadas que desnudam seu sangue quente. Fazem dos laços, fitas, lenços, xales, babados e rosas suas mais preciosas jóias. O canto, a dança e as palmas conduzem o exteriorizar das energias íntimas.
ciganos
Os homens governam o compasso, anunciando em sons e ritmos instrumentais a magia do júbilo que vem de dentro. Tudo é fascinação consagrando um conjunto de encantos e arrebatamentos. Nesse instante se vislumbra a intensidade de um roda que gira guiada pela essência perfumada dos auténticos sentimentos, anunciando que além da morte há vida que cintila resplandecente em forma de anjo... E o caminho da alma é retomado sob calorosos aplausos para se fazer cumprir um ciclo. Gira Roda Cigana!
  • Valéria Fernandes

Desconheço autoria da imagem

26/06/2010

Pintura Cigana de Morgana Farah

Descendente de árabes e não-cigana, Morgana Farah passaria despercebida pelas ruas paulistanas onde mora por aparentar ter uma vida comum. Casada, com filhos e dedicada à família, esta sensível mulher ao meu ver habita simultaneamente dois universos - um corriqueiro com todas as atribulações advindas do cotidiano e outro que a leva por longas viagens que só sua alma poderia decifrar.

Morgana Farah é artista plástica que há quatro anos se arriscou a dar suas primeiras pinceladas, dando imortalidade física através de retrações daqueles a quem ela chama de seus Mentores Espirituais: os ciganos Wladimir, Pablo, Yago e Sarita. O fez com propósito de meditar com as imagens, sem jamais imaginar que este episódio viria a ser habitual dali por diante. Dotada de um estímulo sensitivo raro, traduz nas pinturas ciganas emoções e sentimentos com estética única. Timidamente Morgana se diz ainda em aprendizado; fato que descordo por ter sido despertada euforicamente quando vi algumas obras assinadas por ela.
Certas pinturas de Morgana revelam cores da noite que ainda não conhecia quando o assunto refere-se a espiritualidade cigana. Como amo a realidade noturna sem medos e cheia de quimeras, o que vi encheu-me os olhos. Céu negro, luar nebuloso e ao mesmo tempo com clareza irrestrita, isto sem ofuscar a luz das entidades, o brilho de suas jóias, a beleza das vestimentas e o encanto dos roseirais que estes seres sublimes a mostram quando no silêncio da madrugada a encontram. A cada nova pintura e enquanto sua família repousa, Morgana Farah é estimulada por um CD de música cigana e dá inicio a sua passagem para um outro mundo guiada pelos ciganos de luz. Mediunizada, ela perde a autonomia pelo que virá, e, em respeito aos seus mentores, quando retoma a lucidez, evita os possíveis retoques por achar que o trabalho não é seu. As nuances da artista também ressaltam a beleza do dia e dos ambientes que parecem fechados, mas que em minha leiga leitura, arrisco a dizer que são espíritos ciganos exercendo suas atividades no astral.

O casal abaixo revigorou minha alma em segundos. Lembrou a assistência que tenho todos os dias com as entidades com as quais trabalho. Refiro-me principalmente ao cigano, pois para mim o mesmo está protegendo e emanando energia para uma não-cigana que manuseia as cartas. Devaneios meus, cabíveis nos momentos de contemplação... São dois espíritos ciganos!

Morgana é devota de Santa Sara Kali, participa ativamente de eventos que enalteçam a cultura e tradição cigana, e em um destes acontecimentos, foi convidada a fazer sua primeira exposição aberta ao público este ano. Faço lembrar que, quando diz respeito a pinturas ciganas, ela ao longo desses quatro anos recebeu e recebe constantes encomendas de seu magnífico trabalho em seu ciclo social que só aumenta.
Não bastasse o talento para pintar com tanta desenvoltura, é taróloga e pratica a cafeomancia, lendo a Borra de Café que diz ser herança familiar. Não atribui a si as aptidões que tem, posto não ter formação acadêmica em artes plásticas e nunca ter estudado os oráculos que utiliza. Costuma dizer que todo ser humano tem seus dons, mesmo que ainda não descobertos, presenteados por Deus.

Quando alguém de outra cidade solicita suas pinturas mediúnicas, Morgana Farah pede uma fotografia de quem a busca para sentir a energia do requerente. Daí, só “seu povo cigano” saberá por quais veredas os espíritos protetores de ambas as partes irão se encontrar para mais uma retração.
  • Valéria Fernandes


Para contactar a pintora:
cafeomancia2009@hotmail.com

Fone: (11) 9813-6696.

24/06/2010

Dançar...

Dançar é minha prece mais pura. Momento em que o meu corpo vislumbra o divino, em que os meus sentimentos tocam o real. Religiosidade despida de exageros, desejo lascivo, bordado de plenitude. Através de meus movimentos posso chegar ao inatingível! Posso sentir por todos os corpos, abraçar com todo o coração, e amar com os olhos. Cada gesto significativo desenha no espaço o infinito, pairando no ar, compreensão e admiração.

Iniciar uma prece é como abrir uma porta. Um convite para você, para entrar no meu universo. O mágico contorna minha silhueta, ao mesmo tempo que lhe toco sem tocar. Nada a observar, só a participar. Esta prece ausente de palavras é codificada pela alma e faz-nos interagir, de maneira sublime e hipnótica. Quando eu terminar essa dança, estarei certa de que não seremos os mesmos.

Merit Aton

23/06/2010

Cigana Cartomante – Um processo de produção artística

Á esquerda, a modelo com adereços coloridos e em performance, dando inspiração à pintora em plena comunhão com a natureza, até que se encontre o ângulo e o enquadramento desejados.

Á direita, os esboços em processos. Nesse ponto, os detalhes são acrescidos e retirados, conforme a harmonia no todo. As cartas de tarô ganham progressivamente cores e toques de acabamentos. Ao reparamos nos pormenores, podemos notar que nas duas últimas gravuras um pedacinho do lenço bem perto da mão direita da cartomante está em azul, verde e amarelo, possibilitando o ofuscar das moedas que a cigana carrega.
pintura
O lenço que cobre boa parte da cabeça da cigana cartomante e cai por seu ombro é bastante fidedigno ao usado pela modelo. Já os cabelos foram ligeiramente rebaixados e tingidos de ruivos. Os olhos claros deram-na ares de clarividência.

Enfim o produto final da artista Enzie Shahmiri. O detalhe em três cores do lenço foi substituído por uma nuance fosca em azul-marinho. A mesa ganhou verniz fechado, um pouco mais de composição e enquadramento aberto que antes tinhas limitações. Os tons em geral foram suavizados por uma paisagem que não roubasse o brilho da protagonista da cena, mesmo com algumas flores salientadas para dar graça e estilo. Ressaltando que do lado direito da pintura às alterações de tons são mais notórias. Perfeito!
  • Valéria Fernandes

Telas” de Enzie Shahmiri

21/06/2010

Cigana Sarita da Estrada


Há dois ou três meses uma cearense de nome Cristyanne Holanda me telefonou para falar de espiritualidade cigana e blog’s, desde então mantemos ótima relação via internet e telefone, pois embora morando na mesma cidade ainda não nos encontramos.

Ontem, enquanto o Brasil se preparava para assistir mais um jogo da nossa seleção, recebi um pedido via net de minha conterrânea desejando fazer uma homenagem à “sua cigana” através do meu blog. O momento foi único! Imediatamente ao ler o recado liguei para Cris que logo contou sua intenção, e, enquanto ela relatava sua vontade de exaltar a Cigana Sarita da Estrada, comecei a sentir a energia da mesma. Intuída pela Cigana ainda ao telefone (antes de escrever sequer uma linha) já sabia que imagem iria usar, ela me mostrou. Finalizamos a ligação e Sarita permaneceu comigo. Confirmou a gravura que escolhi para representá-la e me acariciou por longo tempo com sua forte vibração. Fui para meu altar e acendi uma vela para a Cigana da Estrada que de mim não se afastou, em seguida pedi a Cristyanne que aprovasse a pintura que ilustraria este artigo. Minha amiga muito emocionada disse: “é essa mesmo! Ela tem até uma roupa igual”. Estava eu totalmente mediunizada que mal consegui gravar as “instruções” que recebi da Cris. Mais ou menos uma hora depois a médium Cristyanne Holanda me escreveu detalhando os costumes da entidade que tanto gosta de trabalhar com ela. Já eu, tentei da melhor maneira possível realizar esta difícil missão.
Conforme o relato de Cristyanne, a Cigana Sarita da Estrada tem aparência de uma mulher por volta de seus 45 anos, tendo a pele morena com traços afilados, bem definidos e bronzeado singular. Seus lábios são carnudos e quando chega a Terra gosta de usar batom vermelho acobreado. Possui cabelos negros, longos com ondulações que vão até a cintura - ela faz questão de deixá-los soltos ao vento. Tem olhos castanhos amendoados com os quais sente prazer em realçar sua beleza através de sombras escuras ou de cor azul. Sua cintura é fina e suas pernas são bem torneadas, no entanto tem preferência por usar saias longas e rodadas, que dão certo ar de recato conforme suas características íntimas.

Esta Cigana prioriza as cores vermelha, laranja e azul quando para se vestir. Usa braceletes e pulseiras de ouro, colares e anéis com pedras, porém o anel que usa na mão direita é destaque: de ouro com pedra rubi. Na cabeça costuma usar tiaras douradas ou uma vistosa rosa vermelha. Diz ter sido uma rainha que gozava de pompas e ricos bens materiais. Possuía jóias e vestimentas luxuosas e ainda desfruta desse brilho e glamour. Contudo, mesmo sabendo que Cristyanne não pode dar-lhe o aparato de que um dia usufruiu, disse que trabalharia com ela até mesmo debaixo de uma árvore, já que escolheu sua protegida pelo teor de sua alma, não pelos fins materiais.

A Cigana Sarita da Estrada porta-se como a rainha da caravana de luz da tsara da médium. É meiga, doce, tem modos delicados e finos até no sentar; quando o faz parece tomar posse de seu trono. Não dispensa uma taça de champanhe no qual seus gestos elegantes e graciosos são ressaltados. Fala baixo e pausadamente, usa português correto e limpo de gírias. Conta que não fala em sua língua pátria porque assim não se faria entender para auxiliar a quem dela precisa. Por vezes sente dificuldade com algumas expressões, então recorre a quem estiver por perto para esclarecimento. Sente-se feliz ao ouvir música cigana e costuma dançar suavemente com seu leque e seu pandeiro enfeitado por fitas coloridas.

Sarita da Estrada é uma cigana sábia, vivida, ética e de comportamento exemplar. Aos consulentes só diz o que acredita ser verdade. Tem natureza justiceira e não permite que alguém sob os seus cuidados sofra por injúrias. Diz ser casada com um “chefe/rei” de uma grande caravana de ciganos de luz, caravana esta que, de acordo com Sarita, seu papel é o de ser rainha e mentora de todos que dela pertencem. No caso, trata-se dos ciganos que acompanham Cristyanne em sua tenda.

Um fato curioso: na casa de Cris há uma gata que se chama Luna, e a Cigana da Estrada diz que a felina é dela, põe-na no colo, conversa com ela e diz que obtém respostas.
CCE
As oferendas para a Cigana Sarita da Estrada são feitas pela distinção das fases lunares, e somente a cada trabalho (para amor, prosperidade, limpeza, etc.) pode-se designar o que deve ser ofertado. Já as suas velas são sempre cor-de-rosa, devido ser uma Cigana que desce com intuito de aperfeiçoar os sentimentos como um todo, não só o amor entre casais. Também recebe frutas verdes, vermelhas e amarelas, com caroço e sem caroço. Gosta igualmente de comidas salgadas da culinária tipicamente cigana. O tipo de magia indicará o que será usado. As ofertas de incensos seguem o mesmo padrão de raciocínio, a exemplo: para o amor ela usa os de rosas e florais (violeta, orquídea, lavanda, rosa branca entre outros). Para outros encantamentos, outros incensos.

Para finalizar esta homenagem, destaco que o nome Cigana Sarita da Estrada pode ser interpretado como Cigana Sarita dos Caminhos, posto ela dizer que abre os caminhos que o espírito humano costuma se aprisionar. Seu maior trabalho é lapidar os sentimentos brutos, acalentar os corações sofridos, transformar as perturbações em paz e transpor quaisquer barreiras internas que geram malefícios para quem carece de tranquilidade interior. Entretanto, quando o assunto gira em torno da ausência de prosperidade esta Cigana também se propõe a ajudar.


Não sei ao certo se cumpri de fato a missão que me foi destinada, mas desejo profundamente que Cristyanne possa prosseguir sua caminhada no bem, com muita luz e felicidade. À Cigana Sarita da Estrada agradeço a honra de sua visita e escolha, pois certamente que não viria em minha tenda se não houvesse um propósito maior.


  • Valéria Fernandes

Pintura Cigana de Agnes Dosanto

19/06/2010

A Dançarina


Certa vez vieram para a corte do Príncipe de Burkasha uma dançarina e seus músicos. Tendo sido admitida na corte, ela dançou a música da flauta, do alaúde e da cítara.Executou a dança das chamas e do fogo e a dança das lanças. Dançou as estrelas e o espaço e então ela dançou a dança das flores ao vento. Quando terminou, aproximou-se do príncipe e curvou o corpo em reverência diante dele.

O príncipe ordenou que ela se aproximasse e perguntou-lhe:

“Bela mulher, filha da graça e do encanto, de onde vem sua arte e o que é este seu poder ao comandar os elementos em seus ritmos e versos?”

E a dançarina aproximando-se, curvou mais uma vez o corpo em reverência e respondeu:

“Sua alteza, sereníssimo senhor, eu não sei a resposta para suas perguntas. Somente sei que a alma do filósofo habita sua mente, a alma do poeta habita seu coração, a alma do cantor habita sua garganta, mas a alma da dançarina habita todo o seu corpo.”


Gibran Khalíl Gibran

17/06/2010

Cigana Salomé do Egito

A Cigana Salomé do Egito quando chega a Terra primeiramente saúda Alá, Santa Sara e todo o Povo do Oriente, só depois começa a trabalhar. Canta e dança com bastante entusiasmo, e logo pede um leque para realçar seu bailado. Quando o(a) médium que a incorpora tem em mãos um xale ou lenço, é visível sua aprovação, pois dá um jeitinho de fazer um turbante e com largo sorriso segue a rodopiar. Após sua dança, atende atenciosamente quem a solicita, e com voz doce e mansa vai dando a sua bênção e seus conselhos, só depois fala de si.

Com frequência a Cigana Salomé expõe seus gostos, dizendo apreciar as cores de fim de tarde que lembrem as escaldantes areias do deserto. Conta que tem vários véus coloridos com bordados em dourado, de forma que combine com brincos, anéis, pulseiras e cordões de ouro que ela possui guardados em um baú. Mesmo ressaltando sua preferência por vestimentas e adornos majestosos, não é uma cigana exigente, ao contrário, se mostra alegre quando lhe é entregue um singelo pandeiro enfeitado com fitas coloridas.

Salomé do Egito é vidente e lê cartas, no entanto prefere trabalhar diretamente com magia. Para o amor ela usa lua, estrelas e corações como símbolos em seus feitiços, bem como incensos de chocolate com pimenta, velas laranja e lilás para unir casais. Não podem faltar em quaisquer de suas encantarias a fartura de mel e de canela.

Recebe oferendas com velas amarelas e moedas douradas. Aprecia as peças metálicas por sua beleza reluzente, não pelo valor que possam ter. Para fazer um pedido a Cigana do Egito para abrir caminhos no trabalho e nas finanças, basta lhe preparar em um recipiente de louça 21 de moedas correntes em 3 camadas de 7 moedas, cada uma das 3 regadas por mel, e por último polvilhar com canela fresca ou raspas do pau-canela. E claro, ofertar a vela na cor de sua preferência.

Ao chamar a Cigana Salomé do Egito para fazer um encanto é aconselhável convidar juntamente os Ciganos do Oriente para abençoar o trabalho, eles são unidos na força e se ajudam mutuamente.
  • Valéria Fernandes
Pintura Cigana de Maria do Carmo da Hora

15/06/2010

Orações Ciganas


Para o Amanhecer

Aqui estou Senhor meu Deus, em tua presença, diante do altar da natureza, pronto para iniciar um novo dia. A minha alma reconhecida enaltece a graça de ver mais uma vez a luz do sol que me aquece e me dá vitalidade.

Prontifico-me a ficar na espera que o Senhor da Misericórdia e que Santa Sara Kali se dignem a lançar suas bênçãos sobre este servo, para que eu possa dedicar este dia a louvar e honrar a vontade dos que reinam sobre a luz e as trevas.

Com fé inabalável, aguardo as bênçãos sobre mim, minha família, meus amigos e minha gente, para que juntos possamos render graças a quem nos concede luz e vida.


Amém

Para o Anoitecer


Senhor Deus da Misericórdia e Santa Sara Kali, acolham meu espírito e façam descansar meu corpo por mais uma noite sob o sereno brilho do luar. Guiem minha alma pelas retas estradas espirituais, enquanto revigoram-me com a noturna energia sagrada.

Levem-me ao sono, para que eu possa vislumbrar vossa glória, reconciliando-me com o passado, aceitando o meu presente e esperando confiante pelo futuro que em meu âmago anunciais.

Concede-me, Senhor, após mais uma noite de descanso que eu tenha a graça de rever a luz do sol, e assim continuar minha louvação no dia que virá. Abençoa-me Santa Sara kali e cobre-me com teu sagrado manto de cor celestial, para que a tranquilidade seja minha morada por mais esta noite.

Amém!
  • Valéria Fernandes

Releitura minha das duas orações

Desconheço autoria da imagem

12/06/2010

Cumplicidade

Esta belíssima pintura cigana revela vigor, atração, paixão, sensualidade e arrebatamento quando em seu estado mais aflorado. Uma condição de êxtase que só a cumplicidade pode entendê-la para alcançar certo estágio de ausência de lucidez a que se pode chegar; típica emoção de quem tem coragem para se entregar aos sentimentos sem medo do que virá amanhã.

Como hoje no Brasil é comemorado o Dia dos Namorados, os votos são para que Santa Sara Kali e os Ciganos de Luz possam proteger e abençoar os amantes da beleza e da vida. Lembrando que, enamorar-se por si mesmo é o primeiro passo para ter a cumplicidade mais fiel: a da própria companhia. Pois quando o espelho interior enaltece o que é agradável e belo, seu reflexo se torna consequentemente externo.
  • Valéria Fernandes


    Tela de Rita Andrade

10/06/2010

Baralho Cigano – Carta A Cruz


A carta 36 - A Cruz, tem um vasto simbolismo, tanto de humilhação, infâmia, rebaixamento, como a volta por cima. Ou seja, simbolicamente representa a vitória e o triunfo sobre a matéria, sobre a carne e sobre as trevas. Indica tanto o sofrimento como a libertação.
Esta lâmina aponta a fé, o desenvolvimento espiritual, a caridade, a religiosidade e as doutrinas em geral. Revela o apostolado. Pode indicar pessoas espiritualizadas ou fanáticos religiosos, bem como uma iniciação, um momento místico. Denota os fardos (a cruz que carregamos) e também a purificação ou elevação da alma.
No nível mental indica um indivíduo centralizado, que não perde o prumo com facilidade; trata da autoconfiança, da auto-estima, da perseverança e também do reconhecimento por algum feito. Lembra-nos a reconciliação com o próprio Eu, quando enfim a paz é chegada. A Cruz muitas vezes quer nos mostrar um caminho único e individual, que não requer a participação de terceiros. Quando mal aspectada pode significar a empáfia, a soberba, o ego inflado e o orgulho desmedido.

Ao designar o aspecto financeiro simboliza os ganhos, o êxito e as transações bem sucedidas. De acordo com as outras cartas dentro da mesma tiragem, A Cruz pode mostrar que o sacrifício foi em vão e solicitará mais esforço por parte do consulente. Simboliza o fim de um ciclo de trabalho quando este obteve sucesso.
  • Valéria Fernandes

Carta do Tarô Cigano digitalizada por mim

07/06/2010

Cigana das Rosas


Há uma lenda que a Cigana das Rosas ficou conhecida por este nome desde seu nascimento; ocasião em que sua mãe teria morrido poucas horas após o difícil parto. Então, familiares e amigos diante do pesar, teriam lhe levado rosas das mais belas cores como forma de apaziguar a dura realidade que a ciganinha teria que enfrentar por toda vida. E assim, sua avó materna dotada de grande sensibilidade, batizou-a entre os ciganos com este nome para que a menina tivesse continuamente motivos para se alegrar. Não foi diferente. A pequena cigana foi crescendo sempre nutrindo grande amor pela natureza, em especial pelas rosas dos lugarejos por onde passava.

Quando já crescida, por mais que seus cabelos estivessem adornados por fitas, tiaras ou lenços, a rosa não podia faltar. Entretanto, para além de adereço, a rosa da Cigana era cobiçada como sinal alegria inesperada, de superação e vitória das lutas diárias. Quem convivia com esta cigana, estava sempre a espera de receber da mesma este mimo como símbolo de boa sorte. Dizem que no dia de sua morte, centenas de pessoas abriram caminho com rosas coloridas até o lugar onde ela foi sepultada. E na hora da despedida final, uma chuva de pétalas coloriu o adeus que a Cigana das Rosas não pôde dar.
Fala-se que, quando seu espírito vem à Terra para trabalhar, as rosas que recebe logo são despetaladas pela Cigana e arremessadas para o alto como indício de paz e bênçãos sobre aqueles que estão em volta.
  • Valéria Fernandes

Pintura Cigana de Clair Cevila y Pablos

03/06/2010

Flamenco...

"O flamenco nasceu do primeiro choro... do primeiro beijo. É uma dança arcaica bebendo de fontes fenícias, árabes, judaicas e ciganas, que mexe com a alma alheia! É a expressão dos anseios e vontades do povo Andaluz. Esta além da inspiração. É uma arte e acima de tudo um bailar a vida!!! É o grito de uma raça!!! "

Frederico García Lorca

01/06/2010

Cidadãos Ciganos

Neste blog costumo falar de espiritualidade, partilho minhas vivências, paixões e encantos pela cultura cigana e amo fazê-lo. Mas muitas vezes me pego a pensar no povo cigano apenas com o devido respeito que merecem enquanto cidadãos. Desta forma, não há mensagens vindas de espíritos ou belos altares que possam intervir numa relação de igual para igual, pois somos todos seres humanos que, indistintamente, buscamos o pão de cada dia, um lugar ao sol, a boa sobrevivência.
Cansa-me ver os cidadãos ciganos sendo chamados de charlatões, de arruaceiros, de vagabundos que se escondem do trabalho e preferem viver da boemia, principalmente os que até hoje são nômades. Faço lembrar que estes andarilhos, quer onde aportem, trabalham, são comerciantes, criam artefatos e vendem o resultado do próprio suor para seu sustento. Têm defeitos? Claro, são pessoas comuns tais quais os não-ciganos. Também têm qualidades, posto serem indivíduos normais com todo o encargo que lhes precedido. Se for para avaliá-los, que seja por seu talento ou ausência do mesmo no que se propõem a fazer, como acontece no universo não-cigano.

Um dos mais marcantes trabalhos das mulheres ciganas é ler a sorte, seja nas ruas, em feiras ou em suas casas quando estabelecidas em uma cidade, posto fazer parte de sua cultura. Entretanto, homens e mulheres de etnia cigana que tiveram oportunidade de estudar, desempenham atualmente diversos papeis na sociedade, são professores, escritores, advogados, enfermeiros, servidores públicos e outras tantas profissões que parecem destinadas a grupos sociais com privilégios. É justo apontar alguém por conta de sua etnia? Não, sabemos que não!
Sorte
Quero hoje, para ilustrar esta pequena reflexão, homenagear um casal cigano do qual gosto muitíssimo, o Casal Valenzuela. Rodrigo Valenzuela, o Ronn Alquimista, é pai de família, já foi office-boy, auxiliar administrativo, vendedor de tele-marketing, no entanto, jamais deixou de fabricar seus perfumes e vendê-los nas ruas, nas casas esotéricas e em eventos (ciganos ou não); é o seu prazer, está no seu sangue a árdua labuta. Jovanka Valenzuela além de cuidar da casa, do filho, de praticar a cartomancia, é auxiliar de enfermagem e, juntamente com seu cônjuge, dança em shows e eventos, e como muita eficácia faz da dança parte de seu ganha pão.

Portanto, melhor seria afastar os cidadãos ciganos tanto dos andores como das aversões e, desta forma, distanciá-los de prerrogativas ou de caricaturas pré-concebidas. Melhor seria conhecê-los enquanto indivíduos que são, com suas particularidades que apenas fazem parte do gênero humano.

  • Valéria Fernandes