30/05/2010

Andarilho

Não escolhi ser andarilho,
não me propus seguir o luar.
Nasci e me criei cigano,
de alma leve e livre caminhar.


Os ventos direcionam meus passos,
o sol é quem me faz deitar.
É com minha gente que canto e danço,
é com meu povo que vivo a sonhar.

Se um dia terei porto,
o destino há de se encarregar.
As estrelas do céu são infinitas,
é difícil escolher uma para me guiar.

  • Valéria Fernandes

Desconheço autoria da gravura

27/05/2010

Tânia do Pandeiro – Consagração de cartas

Quando vi pela primeira vez a retratação de Tânia do Pandeiro, não pensei duas vezes, logo acreditei que a cigana estava de alguma forma consagrando seu baralho de maneira bastante peculiar. Olhei bem os detalhes e notei que há cartas de todos os naipes (Ouros, Copas, Paus e Espadas). Mesmo assim fiquei duvidosa, pois poderia ser fruto da minha imaginação. Deixei passar um bom tempo, até que resolvi pedir uma mãozinha para um dos ciganos da minha tenda e ver no que poderiam se manifestar.

Foi ótimo ter solicitado esse aval, já que “minha cigana” validou o que eu havia captado. Disse-me que dançar e cantar em volta das cartas afasta as negatividades e atrai bons espíritos protetores para que as ciganas pratiquem com mais confiança a cartomancia. O ritual simboliza boa sorte, traz bom augúrio e expande as vibrações intuitivas. Também pode ser feito por quem tem uma cigana por perto, porém, ainda não desenvolveu uma comunicação desejada. Basta ter um pandeiro por perto e abrir o baralho deixando o Ás de Copas em posição de destaque, depois é só entregar a cigana em questão para que ela faça seu trabalho no universo espiritual. E para quem for usar os ditos Baralhos Ciganos, a carta O Coração deve substituir o Ás de Copas.
  • Valéria Fernandes

Tela de Vilma D’conti

25/05/2010

Louvor à Santa Sara Kali

Nem todos podem fazer oferendas à Santa Sara Kali com manjares, pães, vinhos, frutas, incensos, perfumes, lenços, velas e fitas e coloridas em rituais que, sem dúvida, alegram e contagiam os que destes participam. Entretanto, o recolhimento em oração é uma das homenagens mais antigas e fidedignas a se fazer, posto ser neste momento em que se entra em sintonia com o Alto, com a entrega em cerimônia puramente espiritual.

Que tal pedir, agradecer, abrir o coração com as angústias e as felicidades e, desta forma, revigorar a alma em reverência à homenageada pelo fervor da fé e do amor por Ela? Parece uma dica simplista em demasia, todavia com teor de suma relevância para o alimento do espírito.

As formalidades, o caráter solene e a pompa têm o seu valor simbólico, principalmente para quem o faz, mas nada substitui os sentimentos de súplica e gratidão que há no âmago de cada um de nós.

Hoje é o segundo dia destinado à Santa Sara; ocasião benéfica para rogar por seus anseios com devoção, humildade e simplicidade!
  • Valéria Fernandes
Tela de Orest Kiprensky

24/05/2010

Dia de Santa Sara Kali - Opachá!


Santa Sara Kali
Mãe, Senhora e Rainha das tendas ciganas
Que tu hoje possas receber em louvor e em graças
os ritmados sons dos violinos, acordeons, pandeiros e castanholas.


Santa Sara Kali
cujas raízes são os revoltos mares
Que tu hoje possas acalorar cada fogueira acesa
que em teu nome há de queimar todos os males.

Santa Sara Kali
Benfeitora dos andarilhos, dos acampamentos e das carruagens
Que tu hoje possas bendizer cada filho teu
que em festa sagrada exalta o teu santo nome.

Amém!

  • Valéria Fernandes

21/05/2010

Candelero

Candelero é uma música do cantor e compositor cigano Ronn Markes, na qual o artista expressa em romani sua devoção por Santa Sara Kali e, em meio à obra, convida-nos para orar à Santa Padroeira de seu povo.

Desejo que os leitores do Vida Cigana possam nos dias 24 e 25 deste mês ter uma inspiração a mais para render seus louvores à “Nossa Santa” com a mesma emoção que sinto ao ser guiada pelas brandas palavras de Ronn Markes desde a primeira vez que o ouvi em prece.
Ronn Markes

Manglimos katar e Icana Sara Kali

Tu ke san pervo Icana Romli anelumia.
Tu ke biladiato le gajie anassogodi y guindiças.
Tu ke daradiato le Gajie. Tai chudiato anemaria.
Thie meres bi paiesco tai bocotar.
Djenes so si edar, e bock, thai oduck ano ilô
Thiena mekes Murre dusmaia thie açal
Mandar thai thie Bilavelma.
Thie aves murri dukata angral o Dhiel
Thie dhiesma bar, sastimôs,
Thai thie blagois murrô traio
Thie Dhiel. O Dhiel.
Amén!



Vamos orar à Santa Sara Kali

Tu que és a única Santa Cigana do mundo.
Tu que sofrestes todas as formas de humilhação e preconceitos.
Tu que fostes amedrontada e jogada ao mar
Para que morresses de sede e de fome.
Tu sabes o que é o medo, a fome, a mágoa e a dor no coração
Não permitas que meus inimigos zombem de mim ou me maltratem.
Que Tu sejas minha advogada perante Deus.
Que Tu me concedas sorte, saúde e que abençoe a minha vida.
Em Deus. Por Deus.
Amém!

Ronn Markes é um cigano calon descendente de portugueses e espanhóis, e como andarilho que é, faz turnês pelo Brasil a fora. Contato: (11) 9667-9156/ Flavio Schultz.


Salve Santa Sara Kali!
  • Valéria Fernandes

20/05/2010

Sonhos ou Desejos?

Sonhos alimentam a alma, desejos, a vontade.
Sonhos não se amedrontam nas dificuldades, desejos desanimam nos pequenos problemas.
Sonhos ao falharem repensam seu caminho, desejos nunca assumem seus erros.
Sonhos vivem um dia de cada vez, desejos gastam grande parte da sua energia pensando no amanhã.
Sonhos nunca morrem apenas são substituídos, desejos vêm e vão.

Sonhos se abalam, desejos são derrotados.
Sonhos se entristecem, desejos se desesperam.
Sonhos caminham rumo ao alvo, desejos caminham olhando as dificuldades da trajetória.
Sonhos escutam a opinião alheia, desejos super valorizam o que os outros têm a dizer.
Sonhos lutam pelos seus ideais, desejos são facilmente corrompidos.
Sonhos são projetos de vida, desejos apenas uma aventura.

O que tem controlado a sua história, desejos ou sonhos?
Onde estão os seus sonhos? Que valor você dá a eles?
Uma pessoa que deixa de sonhar, também deixa de viver!

  • Camila Cury

17/05/2010

Cigana Raiana (Rayanna)

Rayanna foi uma cigana meiga, espiritualizada e dedicada ao seu clã; casou conforme a tradição cigana e viveu longos anos. Entretanto, quando chega a Terra, vem com a irradiação da jovialidade de seus primeiros anos de casada. Gosta de se sentir útil e de falar sobre suas predições por meio das mancias e dos oráculos que usa. Ela lê mãos, joga baralho e patacas quando incorporada, mesmo que o(a) médium que a incorpore não tenha seu dom. Em vida, ganhava seu dinheiro somente lendo a sorte para ajudar no sustento da família e jamais passou por privações materiais.

Em sua tenda havia um altar no qual Rayanna se recolhia para fazer orações à Santa Sara Kali e aos seus ancestrais logo ao amanhecer. Mantinha o altar sempre enfeitado com toalhas estampadas, fitas coloridas, flores ou rosas brancas. No entanto, não foi uma cigana por demais vaidosa, era mais estimulada pelos conhecimentos transcendentais. Gostava de ler as anotações das mulheres mais velhas para assim conhecer os segredos da alma e, mais tarde, ter alimentos espirituais a repassar para outras gerações.

A grande magia da Cigana Rayanna está na doação da paz interior. Sente prazer em trabalhar apaziguando confusões, bem como se agrada ao abrandar os corações endurecidos. Protege as famílias para que a concórdia e virtude prevaleçam nos lares que ela abençoar, como também socorre homens e mulheres ainda solteiros que têm relacionamentos turbulentos. É ótima conselheira espiritual e costuma otimizar a própria fé como forma de retribuir as graças que alcançou quando passou por este plano.

Para agradar Rayanna é bom ter a imagem da Padroeira dos Ciganos em casa, acender incensos suaves e ofertá-los juntamente com uma vela azul clara; ela saberá como conduzir a energia da cor e dos aromas temperados.


Canalização feita por mim através da “Minha Cigana” no dia 16 de maio de 2010 que dedico a Ana Clara Martins de Macaé-RJ.
  • Valéria Fernandes

Tela de Maria do Carmo da Hora

11/05/2010

Sobre o amor...


Quando o amor vos chamar, segui-o, embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados; e quando ele vos envolver com suas asas, cedei-lhe, embora a espada oculta na sua plumagem possa ferir-vos; e quando ele vos falar, acreditai nele, embora sua voz possa despedaçar vossos sonhos como o vento devasta o jardim.
Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para vosso crescimento, trabalha para vossa poda. E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol, assim também desce até vossas raízes e as sacode no seu apego à terra.
Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração. Ele vos debulha para expor vossa nudez. Ele vos peneira para libertar-vos das palhas. Ele vos mói até a extrema brancura. Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis. Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma no pão místico do banquete divino. Todas essas coisas, o amor operará em vós para que conheçais os segredos de vossos corações e, com esse conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.


Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor, então seria melhor para vós que cobrísseis vossa nudez e abandonásseis a eira do amor, para entrar num mundo sem estações, onde rireis, mas não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as vossas lágrimas. O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui, nem se deixa possuir.

Pois o amor basta-se a si mesmo. Quando um de vós ama, que não diga: 'Deus está no meu coração', mas que diga antes: 'Eu estou no coração de Deus.' E não imagineis que possais dirigir o curso do amor, pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio o vosso curso. O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude. Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam estes os vossos desejos: de vos diluirdes no amor e serdes como um riacho que canta sua melodia para a noite; de conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada; de ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor e de sangrardes de boa vontade e com alegria; de acordardes na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia de amor; de descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o êxtase do amor; de voltardes para casa à noite com gratidão; e de adormecerdes com uma prece no coração para o bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança.

Gibran Khalil Gibran


Tela de Maria do Carmo da Hora: O amor proibido do cigano Wladimir com cigana Esmeralda.

07/05/2010

Sorte Cigana

Algumas expressões e frases com a temática “sorte” compiladas por Asséde Paiva em romani traduzidas para o português.

- Ofisa (Local de trabalho onde as ciganas quiromantes ou cartomantes vão exercer a buena-dicha.)
- Buena-dicha (ler a sorte, prever o destino, predizer a sina, adivinhar o futuro.)

- E bar ti rodielto duar. (A sorte não te procura duas vezes.)

- Thie avás bartalê, tribulame lachi thieraim. (Para termos sorte, precisamos ter uma boa estrela.)
- Del tedelame bhar sastipê! (Que este lugar nos traga sorte e saúde!)
- Bibaxt prejeál the nani yov avel! (Azares e má sorte afastem-se e não voltem mais!)

04/05/2010

Qual o nome do meu cigano (a)?

Frequentemente me deparo com esta pergunta que causa certo desconforto: “Qual o nome do meu cigano (a)?”. Por mais corriqueira que seja, a indagação ainda parece estranha, pois parte do pressuposto que aquela pessoa tenha obrigatoriamente um espírito cigano ao seu lado, o que de fato não ocorre com todos que julgam tê-lo por perto.

vc
Para piorar esse quadro de ansiedade, existem livros (hoje copiados em blog’s e sites ciganos) que propagam encontrar o nome do cigano (a) que supostamente protege o indivíduo a partir da data do nascimento, fazendo assim uma tabela com uma listagem de ciganos numerados para que o leitor encaixe em sua vida. Agora pergunto eu: todo mundo tem um espírito cigano em sua proteção? Óbvio que não, ou a espiritualidade estaria de tal maneira dominada e patenteada, descartando o incalculável número de entidades imateriais (protetoras ou não) habitantes do plano astral, sem falar daqueles que nunca tiveram ou terão esse tipo de ligação espiritual.

VC
Posso relatar que, ao sentir a presença cigana próxima a mim duvidei, procurei diversas pessoas em variados locais para validarem minhas sensações, e foi uma longa peregrinação até me sentir intimamente respaldada. Ainda que as afirmações fossem positivas e eu que tivesse a minha certeza, buscava outros pareceres, posto a mente humana ser capaz de reproduzir os próprios desejos (inconscientes até) em fenômenos que se convertem em físicos ou mesmo em mera ilusão. Meu temor maior era afirmar o que eu não poderia ter, e assim, ludibriar os que me cercavam, mesmo sem intenção ou isenta de levar malefícios a terceiros. Foi quando concluí por experiência, após a extensa jornada que citei, que somente através da manifestação do espírito cigano em si é que se pode dizer se ele está próximo ou não. O ideal para confirmações desta estirpe é procurar médiuns diferentes, aqueles que estão ligados a uma determinada religião ou os que trabalham seriamente sem congregações fazendo bom uso de seus dons. Incorporar tendo ao lado alguém em que se confie para conversar abertamente com a entidade dificilmente deixará dúvidas sobre o propósito do espírito em questão.
Até hoje só acredito que estou assistida por um espírito cigano quando este se apresenta a mim e diz para que veio, a partir de então procuro entrar em sintonia como faço com os demais com quem já tenho intimidade e confiança, e com o passar do tempo vou pouco a pouco descobrindo suas peculiaridades para que eu possa chamá-lo ao trabalho... Certamente se esta for sua missão para comigo!
  • Valéria Fernandes