Sociedade Cigana
Tornou-se comum eu ser indagada dos porquês que me fazem gostar do Povo Cigano, e sem dúvida poderia responder por várias vias, sendo que na verdade, existe em mim um certo desvelo por pessoas (ou grupos delas) que de alguma forma se sentem excluídas, à margem da sociedade em que estamos inseridos. O Povo Sem Fronteiras sempre foi confundido, até então é perseguido, pior, menosprezado. E me custa entender as razões reais para esse tipo de conduta, já que a Sociedade Cigana é bem alicerçada dentro de suas propostas e padrões, isso, sem ter uma terra própria para solidificar suas tão nobre raízes.
Gosto sempre de pensar nessa gente unida, que não se vende às tradições alheias e nem se deixa envolver em guerras e disputas pelo poder. Faz muito bem para minha alma sentir a grande capacidade de ação e superação que eles têm em meio a tanto preconceito descabido. Melhor ainda para acariciar meu espírito é jamais ter visto em manchetes de jornais uma notícia de que um cigano teria matado seu pai ou sua mãe, ou abandonado uma criança recém-nascida ou mesmo seqüestrado alguém. E se um dia eu vier a ouvir algo do gênero, tenho certeza que será um caso a parte, bem diferente do que acontece entre nós não-ciganos, que se tornou comum vivenciar tais fatos todos os dias e em todos os lugares do planeta com acontecimentos “normais”.
- Valéria Fernandes