25/07/2009

A Dança do Pandeiro

Até os dias de hoje não se sabe ao certo a procedência da Dança do Pandeiro, e do que é de meu conhecimento, a origem cigana aponta para uma hipótese bastante confiável. Contudo, independente de fatos históricos ligarem ou não ao povo cigano, este instrumento tem registros desde a mais remota antiguidade; seja nos ritos religiosos, em festas de cunho comemorativo ou no entretenimento cotidiano.

Os sons do pandeiro, juntamente com a dança exercida por meio dele, têm um simbolismo rítmico de grande importância na vida das pessoas que buscam harmonizar o corpo e a mente. Em algumas culturas a percussão é fundamental para fazer um elo entre o homem e sua própria consciência, ou entre o homem e a divindade; devido aos movimentos cadenciados despertarem os estímulos não apenas corporais, mas também emocionais e espirituais.



O ritmo (palavra de origem grega que significa o fluir, o mover e a regulação dos movimentos) é responsável pelo condicionamento a que nos submetemos para nos sintonizarmos com algo ou alguém. É comum, por exemplo, ao no apaixonarmos, dizermos que estamos em sintonia com o outro, isto é, que estamos no mesmo ritmo que o parceiro (a). Já quando acontece uma briga ou discordância, dizemos que o ritmo foi quebrado, portanto, interrompido em sua harmônica melodia. O ritmo pode ser pessoal, visto cada individuo ter o seu “tempo”, como pode ser coletivo, ao agrupar várias pessoas em uma situação como a dança; ressaltando, sobretudo, o sincronismo.

A mulher cigana usa a Dança do Pandeiro em ritmos distintos e como fundamentos oportunos: para demonstrar contentamento e espontaneidade, para agradecer a boa colheita, para seduzir quem lhes interessa, para saudar seus ancestrais, e em rituais místicos; nos quais louvam tanto o Sol como a Lua, entrando assim em contato direto como o Cosmo. Cada cadência tem seu objetivo, e corpo e mente respondem à freqüência das batidas do pandeiro, até de forma inconsciente... Tal como os corações apaixonados correspondem de maneira serena ou descompassados quando em estado de reciprocidade.



Valéria Fernandes

Pintura de Maria do Carmo da Hora