O Véu Interior
Um dos ornamentos mais belos e fascinantes usados pela mulher cigana é o Véu, principalmente quando este a envolve em um bailado sedutor e enigmático que faz vibrar suas emoções mais sutis.
A palavra Véu é originada do Latim, no entanto, sua designação em Árabe esclarece muitas de suas funções pelas quais tanto seduz e encanta. Hijab (véu), significa “separar duas coisas”. E por ser considerado um divisor assume a responsabilidade de afastar dois universos: o transparente do oculto, o espiritual do material, o sagrado do profano... Quando se diz “retirar ou arrancar o véu”, é pretendido revelar o que está escondido, encoberto; sugerindo clareza para a mente e para o espírito. No cotidiano a “retirada do véu” nada mais é que o despertar da consciência, o acordar com olhos de ver. Logo, ao descortinarmos os recônditos da alma, a verdadeira essência evoca seu lugar de direito, para então contarmos com a legítima capacidade de discernir o que é luz o que é sombra.
Devido a nossa natureza dual, ao olharmos uma imagem de reflexo como esta, temos a oportunidade de nos espelharmos, vendo a real possibilidade de conexão com o caráter mais íntimo de nosso ser. Somos chamados a ouvir sabia e atentamente a voz-interior, então, desenvolvermos os potenciais adormecidos e velados que precisam de exteriorização para que possamos crescer. Trata-se, portanto, de uma dança íntima, e cabe a cada um de nós dar atenção à silenciosa música que canta diariamente aos nossos ouvidos como um convite à apropriação do nosso Eu.
- Valéria Fernandes