Apenas uma cigana...
Não carrego nada comigo, sequer lembro minha identidade. Não tenho idade ou profissão, vivo. Não tenho nacionalidade ou país, sou nômade. Meu violino me acompanha nos dias e noites mais frios, desses sem os sons do puro viver. As delicadas pedras de cores cristalizadas e as moedas de cobre que adornam meu semblante, nada mais são que lágrimas dos meus olhos que não permito anunciá-las por meu pranto. Quem sou? Apenas uma cigana sem amor, sem amarras ou rancor. Fite os meus olhos multicoloridos e descubra a verdade que, inquietantemente, persiste em se abrigar dentro mim.
- Valéria Fernandes
- Gravura de Rebecca Giil