04/04/2008

Ciganamente


Canta o vento nas casuarinas
Marulha a lagoa
Bate o pano da barraca
Sinto-me cigana
Canta o vento pelo ar
Cata-ventos a rodar
Mergulho na boca d’água
Brancas salinas nas alvas auroras
Sinto-me cigana
No negro céu pontos de prata
pontificam a Via-láctea
Morenos torsos nus
despojados de vergonha
esquecem paredes
e pisam a grama serenos
Nuvens gris cobrem e descobrem o azul
com pressa de ser
verão total
Verdes, vermelhos, azuis, amarelos, pinks ferem o dia
Prata e ouro tremeluzem à noite.