Wladimir
- Dicas de Ana da Cigana Natasha
Wladimir
Enquanto esta incorporada, segura na mão uma rosa amarela. As velas e as rosas em sua magia são sempre amarelas. Ela não faz magia para o mal; suas magias preferidas são aquelas feitas para defesa contra armadilhas dos inimigos e contra a inveja. Wlanasha manuseava suas cartas desde os seis anos de idade. A fase da Lua de sua preferência era a crescente. Wlanasha é a cigana preferida de Bel-Karrano (Deus-Céu), irmã gêmea do cigano Wladimir. Por isso, sempre que entregamos uma oferenda para a cigana Wlanasha, temos de entregar outra para o cigano Wladimir.
Tela de Maria do Carmo da Hora
“Se faz alvorada. É assim que acontece a primavera. Na terra e em mim... Repentinamente, o acordar das cordas de um violino há muito adormecido. Da flauta e do oboé esquecidos. É a música do despertar. Todos os grãos se abrindo. Subindo. Perfurando a terra triste. Pequenas folhas e brotos, cantando sobre os vales, penhascos, planícies, campos, jardins, quintais, canteiros e floreiras. É um tempo de brisa leve. De umidade e frescor. De atenuar rigores. De sair e olhar o mundo. Um tempo de celebração. De orquídeas, rosas, jasmins, belas-emílias, lírios, margaridas, agapantos, azaléias, glicínias e rododendros. Desabrochando em algaravia juvenil. Os pássaros na amoreira, cedo, no seu alarido matutino. Um beija-flor entra no jardim de inverno. Instala-se no pequeno galho de hera que infiltrou-se pela fresta da parede. Na porta aberta da cozinha, dois rouxinóis-bebês espiam a casa ainda silente da última noite de inverno. É primavera. Aos poucos, rompo o cristal de gelo que segura minha alma. Sou broto novamente. Germinando. Crio asas e ensaio pequenos movimentos. Como os rouxinóis filhotes. Poderei novamente? Arriscarei? Sim, mais uma vez arriscarei. Serei manhã como esta manhã...
Dica para leitura
Livro "Sangue Gitano" -Romance Cigano de Solange Magrin Ruiz
Este livro foi escrito para trazer a tona à vida em um acampamento cigano em tempos remotos. A Cigana Isabelita nos conta a sabedoria e as dificuldades, as alegrias e as tristezas, a música e a dança e os desafios, amigos fiéis e inimigos implacáveis desse Povo. Nos mostra a força do Sangue Cigano, do sangue que une um Povo do Sangue que enfrenta os perigos, do Sangue perdido.
Façam esta viagem e conheça a vida do Cigano Dom Fernando e da Cigana Isabelita quando encarnados. Com estes filhos das estrelas, abençoados pela lua, acariciados pelo vento e aquecidos pelo sol. Filhos das estradas, amantes da vida e da liberdade.
Sigam os caminhos que este Povo encantado os conduzirá através desta obra, com muita música dança, magia, felicidade e união. Mas principalmente vem mostrar que tudo na vida é conquistado com força, luta, honra, amor e acima de tudo com muita Fé.
A dança cigana, assim como o seu povo, não tem origem exata, porém, é sabido que há uma mistura de ritmos como a Rumba, o Flamenco, a Salsa e até mesmo a Dança do Ventre. O mais curioso, e que para os “não-ciganos” pode passar desapercebido, é que cada coreografia, tem seu significado cultural, espiritual ou mesmo místico. E é através de seus instrumentos e do culto ao Quatro Elementos da Natureza, que podemos conhecer a simbologia de cada dança.
Dança do Leque: dança do elemento Água, representa o amor, a sensualidade e a limpeza.
Dança do Xale: dança do elemento Fogo, representa o mistério e a magia.
Dança da Rosa: dança do elemento Terra, representa o amor, a beleza, a conquista e a sensualidade.
Dança do Véu: dança do elemento Ar, representa e expressa a leveza do corpo e a sensualidade.
Dança das Fitas Coloridas: dança do elemento Água, representa as lágrimas de alegria e tristeza derrubadas pelo povo Cigano; não os lamentos, somente comemorações.
Dança das Tochas: dança do elemento Fogo, mostra a fúria e o poder do fogo através das tochas acesas que reverenciam este elemento.
Dança do Pandeiro:
dança dos Quatro Elementos, denota a alegria e sugere uma festa; serve também para purificar o ambiente.Dança dos Sete Véus: para os ciganos essa dança representa uma despedida de solteiro. E os véus coloridos representam as sete cores do arco-íris e simbolizam o amor e a sensualidade. As cores dos véus representam os Quatro Elementos.
Dança do Punhal: dança dos elementos Ar e Terra, representam lutas, disputas, fúria e pode simbolizar a limpeza do ambiente e do corpo.
Dança dos Quatro Elementos: feita com representações dos quatro elementos como: Vela, Incenso, Cântaro (jarro d'água) e Sal, significa magia e limpeza do ambiente.
O Caixão
Aproveitando a parada da caravana, o jovem cigano desce de sua carroça, pega seu cantil quase vazio e, após sorver longo e último gole de água, dirige-se a uma bica próxima para enchê-lo novamente. A caravana havia parado como de costume, para descanso e água para os animais e também para que os cantis fossem cheios. O vento da tarde anunciava que o frio relento da noite viria em breve e réstias de um sol dourado emprestavam ao lugar uma aparência de nobreza. Causava-lhe alegria observar o movimento das folhas das tamareiras e sempre que podia, parava para admirá-las. Igor, brincando e tamborilando com o cantil, dirige-se ao Sábio ancião do pequeno e pobre lugarejo de não mais que duas dúzias de casebres e como de costume cumprimenta-o aproveitando para pedir-lhe um conselho:
- Diga-me senhor, o que Deus nos faz quando não seguimos um conselho?
Levantando a cabeça e parecendo sorrir com os olhos, o Sábio responde ao cumprimento do jovem e diz amorosamente:
- Quando convivemos com alguém que tem mais clareza de espírito e não enxergamos, paciência. Somos ainda cegos e nada nos é cobrado. Afinal, não podemos enxergar o que não vemos. Porém, quando reconhecemos a sabedoria de alguém, e mesmo assim, fechamos os ouvidos diante de um sábio conselho, seremos cobrados pelo Universo. O Universo, lembre-se, sempre pede contas pelo que nos é dado. Sempre.
Extraído do livro Toques de Sabedoria - Devany A. Silva
Amantes da música, da dança e das "viagens", os ciganos levaram a sua cultura até aos confins do mundo.
O termo gadjó é empregue pelos ciganos para designar os estranhos, aqueles que não pertencem ao seu mundo. Na acepção primitiva, a palavra gadjó significava as pessoas sedentárias, ou seja, o contrário de nómada, um estilo de vida característico dos ciganos.
O documento mais antigo de que dispomos sobre os ciganos remonta ao ano de 1200. Na Europa, eles foram olhados com suspeita desde a sua chegada. O seu estranho modo de vida metia medo às pessoas e criava preconceitos. Na origem desta discriminação encontram-se igualmente razões de ordem económica. Aqueles nómadas, peritos em trabalhos artesanais e especializados no trabalho do ferro e do cobre, constituíam uma ameaça ao frágil comércio dos artesãos medievais. Reis e papas expulsaram os ciganos de muitos territórios do Ocidente. Chegou-se mesmo a vendê-los e a explorá-los como escravos, empregando-os, acorrentados, como remadores nos navios dos cruzados. Outros foram torturados, queimados e até se chegou a arrancar-lhes os olhos. Esta perseguição prolongou-se ao longo dos séculos, culminando no extermínio levado a cabo pelos nazis, que nos fornos crematórios se desfizeram de mais de 500 mil inocentes, perante a total indiferença do mundo.
As origens
A Cartomancia é um dos costumes mais conhecidos do povo cigano, e não é por acaso que nos sentimos bem melhor quando fazemos uma consulta de baralho com uma “verdadeira cigana”, e ficamos ressabiados com o não-cigano que também aprendeu esta arte oracular via estudo, que é o meu caso em matéria de aprendizado. As tradições ciganas são passadas de geração a geração, e a leitura de cartas não poderia ser diferente, não é mesmo?
Mulher Cigana
A Novena
Ao lado da vela deve ter um copo de água potável coberta com um tecido branco, pois no final do ritual, metade da água deve ser bebida, e a outra metade jogada do lugar mais alto da casa.
Aí então Sara retira o diklô (lenço) da cabeça, chama por Kristesko (Jesus Cristo) e promete que se todos se salvassem ela seria escrava de Jesus, e jamais andaria com a cabeça descoberta em sinal de respeito. Milagrosamente, a barca sem rumo e à mercê de todas as intempéries, atravessou o oceano e aportou com todos salvos em Petit-Rhône, hoje a tão querida Saintes-Maries-de-La-Mer. Sara cumpriu a promessa até o final dos seus dias.
Sua história e milagres a fez Padroeira Universal do Povo Cigano, sendo festejada todos os anos nos dias 24 e 25 de maio.
Além de trazer saúde e prosperidade, Sara Kali é cultuada também pelas ciganas por ajudá-las diante da dificuldade de engravidar. Muitas que não conseguiam ter filhos faziam promessas a ela, no sentido de que, se concebessem, iriam à cripta da Santa, em Saintes-Maries-de-La-Mer no Sul da França, fariam uma noite de vigília e depositariam em seus pés como oferenda um Diklô, o mais bonito que encontrassem.