A Serpente que Dança
Em teu corpo, lânguida amante, me apraz contemplar, como um tecido vacilante, a pele a faiscar. Em tua fluida cabeleira de ácidos perfumes, onda dolorosa e aventureira de azulados gumes, como um navio que amanhece mal desponta o vento, minha alma em sonho se oferece rumo ao firmamento.

Teus olhos, que jamais traduzem rancor ou doçura, são jóias frias onde luzem o ouro e a gema impura ao ver-te a cadência indolente, bela de exaustão, dir-se-á que dança uma serpente no alto de um bastão.
Poesia de Charles Baudelaire e pintura de Van Linden